sábado, 17 de abril de 2010

Institutos de Pesquisas,ou:onde estão os suíços

“Toda teoria é cinza, verde e frondosa é a árvore da vida" (Goethe)

Durante as duas grandes guerras a pequena Suíça manteve-se na posição de "neutralidade". Isso se deu pelo fato deste país ter em sua formação influência das principais culturas européias: França, Itália, Alemanha. Tornando impossível assumir um lado, bem, é assim que aprendemos romanticamente nos livros de história explicando a neutralidade suíça.

Dito isto passo ao assunto quente da semana, a Guerra de Pesquisas eleitorais. Alguns fatos para lembrarmos:

1) Em 1982 Globo e Ibope trabalharam intensamente pela derrota de Brizola ao Governo do RJ, isto levou a uma profunda perda de credibilidade do Ibope, que ficou marcado pela manipulação;

2) Em 1985 a menos de 10 dias da eleição, morava em Fortaleza na época, Maria Luíza Fontenelle, candidata do PT a prefeitura de Fortaleza aparecia com 4%, em quarto lugar, enquanto Paes de Andrade, Lucio Alcântara estava respectivamente com 35% e 27%. Sabemos quem ganhou a eleição;

3) Em 1988 Luiza Erundina aparecia apenas em terceiro lugar a uma semana da eleição e não ameaçava a vitória tranqüila de Maluf, sendo secundado por João Leiva candidato do Quércia;

4) Em 1989 Lula era quarto colocado e dificilmente chegaria ao segundo turno, de acordo com as pesquisas;

Poderia citar mais e mais exemplos para fundamentar minha pouca fé, para não dizer nenhuma em pesquisas. Mas elas são importantes na arena política, são supervalorizadas por partidos e candidatos e influem numa gama da população que decide o voto quase na hora de digitar.

Vindo para os dias atuais tivemos um quase consenso entre analistas políticos e dos grandes institutos de pesquisas de que a candidata do PT, Dilma Roussef, a Presidência, era uma total desconhecida e que perderia fácil as eleições. O Senhor Carlos Augusto Montenegro chegou a declarar em abril de 2009 de que ela mesma com apoio de Lula, o Presidente mais bem avaliado da história, segundo os institutos de pesquisas, não ultrapassaria os 15% e que a eleição estava decidida, Serra venceria no primeiro turno. Opinião não muito diferente dos arautos do DataFolha. Os institutos menores Sensus e Vox Populi não demonstraram esta "certeza" acaciana.

De janeiro de 2010 para cá explodiram pesquisas quase semanais, olhando de novembro de 2009 invarialvemente temos alguns pontos comuns:

1) Serra varia sempre em torno de 32% a 38%;

2) Dilma cresceu de 8% para ficar em torno de 28% a 32%;

Este fulgurante crescimento de Dilma tem atormentado não só a campanha de Serra, mas principalmente os pitonistas dos grandes institutos de pesquisas, sua credibilidade começam a ser questionada.

Luis Nassif publicou no seu site um pequeno post: "Para entender o caso DataFolha" ( http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/04/15/para-entender-o-caso-datafolha/ ) que fundamentalmente diz que houve um interesse muito grande em reinflar a candidatura Serra, pois pela tendência de todas as pesquisas Dilma ultrapassá-lo-ia, isto poderia lhe custar apoios na sua convenção que se aproximava.

Em conversa com um amigo  publicitário que trabalha em campanhas eleitorais, ele relata que existe muitas vezes uma necessidade de represar uma tendência de crescimento para não acabar a campanha do outro, e de que já fora vítima de algumas destas manipulações. Quando saí o resultado da eleição vem à famosa desculpa de que houve uma mudança de rumo "não capturada" pelo instituto.

No entanto houve um recrudescimento desta disputa, PSDB processa a tudo e a todos, mesmo espalhando aos quatro ventos que Serra esmagará Dilma nos debates, eles tem procurado judicalizar em demasia a eleição. Resolveu processar Sindicatos (Professores e Metarlúgicos), Centrais Sindicais e, insuflado pela Folha de SP, entrou com representação contra Sensus mostrou empate real entre Serra e Dilma e  que pôs em Xeque a pesquisa do DataFolha com aumento de vantagem de Serra.

TSE concedeu acesso às planilhas do Instituto Sensus, que acabou liberando para quem quiser ver. Será que teremos oportunidade de ver as do DataFolhas?

Por fim saiu mais uma pesquisa do DataFolha que "captura"  todo o bom momento de Serra, a saber:

1) Transmissão ao vivo da convenção do PSDB em todos os canais de TV;

2) Corte Stalinista da foto de FHC com Serra;

3) Beijo de Serra em Aécio e discurso deste em apoio;

4) Exploração da fala de Dilma sobre não fugir da luta, transformado em "fugir do Brasil"(saiu um " erramos 4 dias depois minúsculo interno), para este fato indico o post de Maurício Caleiros no seu excelente blog bastante crítico a fala: "Dilma e os fujões" (http://cinemaeoutrasartes.blogspot.com/2010/04/dilma-e-teimosia-burra.html

5) A aparente malograda viagem de Lula à cúpula atômica, Estadão e Folha publicaram uma incrível mesma manchete de capa dizendo que Obama ignorou Lula, fato desmentido depois, mas a capa já estava divulgada e repercutida;

6) Associação de Lula à tragédia das chuvas no RJ e ampla manipulação desta, esquecendo tudo o que foi escondido nas chuvas de SP,tratada como fato da natureza, enquanto nas  dos RJ foi omissão dos políticos em particular Lula. Chegaram a mandar Fátima Bernardes para Morro em Niterói, enquanto Jardim Pantanal em SP ficou alagado por 60 dias sem que eles o mostrassem;

7) Globo reforçando a posição da Folha e do PSDB diz que só dará números do DataFolha e Ibope, reforçando a tese de que Sensus e Vox Populi não têm credibilidade;

8 ) Notícia de ampla geração de emprego(657 mil em 3 meses) e crescimento da economia em torno de 6 a 7% foram preventivamente escondidas em cadernos e matérias secundárias;

Mesmo com todas estas boas notícias pró-Serra ele cresceu 1 ponto, se dermos crédito à pesquisa anterior. Estranho muito estranho.

Apenas para lembrar os suíços ficaram "neutros”, mas nunca se recusaram a legalizar as fortunas dos nazistas roubadas e pilhadas dos judeus mortos no holocausto... ou seja, neutralidade boa é a que beneficia alguém...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Futebol: Ronaldinho ou Messi do Barcelona?

Este é o título da coluna de Juca Kfouri no seu blog (http://blogdojuca.uol.com.br/2010/04/ronaldinho-ou-messi-do-barcelona/) , hoje no twitter escrevi alguns tópicos sobre este debate, que acho interessantíssimo, resolvi transformá-lo em post, apenas jogando as teses para localizar a polêmica:

1) Messi é o atual supercraque do Barcelona,time moldado para que ele brilhe plenamente. Talvez Messi seja maior do que Ronaldinho Gaúcho de 2004 a 2006;

2) Messi é tão artista como foi Maradona,mas parece mais consistente,emocionalmente mais equilibrado, decisivo, palavra "atual": focado;

3)No período, 2004-2006 Ronaldinho foi tudo o que Messi é hoje, mas o argentino parece superior no Barcelona,  mais agregador e menos estrela, interage melhor com o time, além do time de 2008/2010 do Barcelona é superior ao outro;

4) Para lembrar: 2002 Ronaldinho foi campeão do mundo,não brilhou como Ronaldo e Rivaldo, mas jogou mto naquela copa que foi a do Ronaldo Fenômeno;

5) Grandes craques tiveram sua "copa" porque suas seleções jogaram em função dele e por sua imposição de líder incontestes. Dado fundamental todos já tinha maturidade no futebol (algo em torno do 26 a 30 anos);

6) Em  1986, revi ontem no SporTv, seleção argentina jogou para Maradona,que já tinha 26 anos, era tarimbado, bocudo, contou com apoio de todos foi estupendo;

7) Em 1994 Brasil estava na seca há 24 anos, Romário(28anos) era o gênio da area, tinha levado o Barcelona a um título sensacional,  se impôs aos burrocratas da CBF e comissão técnica: era ele ou a derrota. Jogou-se para que ele brilhasse e muito, ele foi espetacular;

8 ) Em 2002 Ronaldo(26 anos)brilhava desde os 17, voltou do inferno, passara por duas gravíssimas contusões e fora dado como ex-jogador, mas foi ladeado por Rivaldo(30 anos) se superou incrivelmente. Gaúcho(22 anos) foi grande coadjuvante, teve participação decisiva no jogo mais complicado da copa (Brasil 2 x 1 Inglaterra);
9) Em 2006 Ronaldinho tinha tudo para ser o supercraque da copa, mas Parreira negou-lhe na Seleção o que ele tinha no Barcelona, um time montado em função dele.  Faltou ambição e postura ao Gaúcho de exigir para si esta condição. Seleção intimida, exceto Romário que se impôs em 1994;

10) Voltando ao Messi,  este é problema enfrentado por ele na Argentina:Será que haverá humildade para jogarem para que ele brilhe intensamente?Terá Messi personalidade de exigir de Maradona seleção para si?se não, penso que se perde no meio do esquema da Argentina, não é certo que brilhará;

11) Messi(22 anos) é muito novo, é excepcional, mas se não for líder, Argentina não lhe dará a chance de brilhar intensamente;

Espero que Messi brilhe intensamente, gosto de futebol, mas estou pessimista, não sei se Maradona vai facultar a chance de que Messi torne-se maior que ele.