segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Trilogia de Orestes

Trilogia de Orestes

Ésquilo



Passado Anterior (Guerra de Tróia)


Agamenon foi comandante em chefe da armada Grega na guerra contra Tróia, ele era irmão de Menelau, era casado com a Irmã de Helena, Clitemnestra. Como os ventos não lhe eram favoráveis para partida das naus gregas, eles ficaram retidos em Áulis, Agamenon manda consultar o oráculo de Delfos e a resposta é que ele tem que sacrificar a filha Ifigênia, pois só assim os deuses permitiriam o prosseguimento da empreitada. Obediente aos fados, chama à Áulis a filha dizendo para esposa que ali realizaria o casamento dela com Aquiles, o Pelida, o maior herói Grego. Clitemnestra toda satisfeita leva a filha, porém ao chegar ver o marido realizar o sacrifício exigido pelos deuses. Revoltada, Clitemnestra retorna para casa e faz de Egisto(primo de Agamenon), seu amante, prometendo vingar-se de Agamenon.



1º Livro – Agamenon




Tema: Tragédia. Traição

Resumo: O assassinato de Agamenon, após seu retorno de Tróia, por sua esposa Clitemnestra e seus amante Egisto

Inicia-se com o retorno glorioso de Agamenon que vencera a guerra de Tróia e entre os seus troféus e riquezas, trouxe como amante a vidente Cassandra, que apesar do poder ela era desacreditada em suas profecias. Sua entrada nas ruas de Micenas em festa pelo retorno do rei de seus sobreviventes depois de 10 anos de longa guerra, ele é homenageado com júbilos nas praças da cidade, até a entrada no palácio real.

Clitemnestra dá as boas vindas ao marido, fingindo não ver que ele traz consigo a amante, Cassandra uma das princesas filha de Príamo e Hecuba. Prepara o banho real, como a esposa saudosa. Agamenon se despoja das armas e vai ao banho, sem perceber a presença do seu primo  e inimigo que aproveitando de sua fragilidade mata-o sem piedade. O pequeno Orestes filho de Agamenon e Clitemnestra foge  para o exterior, sua irmã, Electra é entregue a uma família de camponeses para que seja criada longe do palácio real. Cassandra é morta por Egisto, este junto com Clitemnestra passam a governar a cidade-estado.

2º Livro – As Coéforas


Tema: Tragédia. Vingança

Resumo: Orestes volta do exterior para vingar a morte do pai, sendo ajudado por sua irmã Electra

Passados dez anos, todo dia Electra vai visitar o túmulo do seu pai. Um dia, porém, depois de muito se lamentar os fados de sua vida, percebe que está acompanhada e que este tem o mesmo tipo de cabelo que ela, além de sua pegada ser parecida com a do irmão. Ao inquirir o forasteiro este se revela como sendo Orestes que voltou com o amigo Pílades.

Os dois conversam com Electra e revelam que pretendem vingar a morte de Agamenon. Disfarçado Orestes chega ao palácio se apresentado como estrangeiro que tem comunicação urgente para Rainha Clitemnestra, é prontamente recebido por ela e lhe diz que Orestes está morto. Egisto, que estava fora, retorna e ao saber da notícia finge que está triste em saber que seu enteado está morto. Aproveitando-se do momento, Orestes, mata Egisto e logo a seguir sua mãe, completando assim a vingança.

Porém Orestes passa a ser perseguido pelas fúrias (criaturas da noite) que exigem que os crimes cometidos por pessoa do sangue sofram punição igual.

3º Livro – As Eumênides


Tema: Tragédia. Julgamento

Resumo: Orestes havia matado Clitemnestra, sua mãe, e o amante dela Egisto, ele deverá ser julgado pelo conselho dos sábios presidido por Palas Athena, filha de Zeus





Orestes matou sua mãe,Clitemnestra, e o amante dela Egisto, mas logo a seguir passar a ser perseguido ferozmente pelas Eumênide(as Fúrias) por todo e qualquer lugar que fosse dia ou noite as deusas da vingança dos crimes de sangue não permitiram quem ele descansasse, fazendo com que ele fosse até Atenas.

Em Atenas, no templo da Deusa Palas Athena, Orestes será julgado pelos crimes. A deusa preside o julgamento tendo as fúrias à prerrogativa da acusação. São apresentados os argumento dos dois lados, findado os debates o conselho dos velho Doze sábios passa a votar e não chegam a um consenso terminando empatada a votação (6 pela absolvição e 6 condenação). Athena (Minerva para os romanos) decide pró réu devido o empate.

Comentários

Estes três pequenos livros são conhecidos como a Oréstia, por isso coloquei-os aqui de uma única tacada. Formam um conjunto interessante pois seguindo uma lógica dialética teríamos para cada livro uma parte desta: Tese, antítese e a síntese.

Há todo o contexto que precisa ser conhecido e avaliado para o melhor entendimento, tendo três vetores fundamentais da função do teatro grego, me baseio na Paidéia :

1)    Questão da Religiosa;

2)    A Questão Política;

3)    A questão da justiça;

Questão da Religiosa

A visão comum dos gregos era de que os fados ou uma maldição familiar de violar a ordem divina precisavam ser purgados, de geração em geração, os erros dos antepassados.

A história da família de Agamenon começa com o lendário rei Pélope, que  tinha sido manchada por Violação, assasínio, traição. A maldição dos Átridas(descendentes de Atreu)  a linhagem fundada por  Tântalo, filho de Plota e Zeus. Tântalo casou-se com a deusa  Dione, e dela tiveram Pélope e Níobe. Porem em certa ocasião Tântalo matou Pélope e serviu-o como sopa para os deuses. Por isso teve a sua vida sacrificada, para que Pélope voltasse à vida. Os gregos acreditavam que este passado violento lançou infortúnios sobre a inteira Casa de Atreu

Aqui já na terceira e quarta geração são retroalimentando os crimes de sangue, numa ordem de vinganças e morte, o basta, ou “perdão” final se dar com Orestes.

Questão Política

Através do teatro ensinava-se à sociedade os editos permitidos e proibitivos do estado, neste sentido as vinganças familiares, de matar a quem matou seus parentes, que eram toleradas precisava ter um fim, porque ameaçava o estado e paz social, em crimes sem fim. O que antes era permitido passa a ser proibido, coincide com as leis de Sólon.

Questão de Justiça



Aqui os primeiros entendimentos de julgamento, conselho de sábios, juízes imparciais são apresentados à sociedade numa peça que tem fundamentalmente a função educativa e até mesmo em caso de igualdade qual caminho seguir.

Funda-se neste caso o que o direito romano consagrará no futuro sobre a questão na dúvida pró réu.

Complexidade da Sociedade e a questão da Mulher

A transição é clara da sociedade matriarcal representada por Clitemnestra para sociedade patriarcal conduzida por Orestes. No fundo Orestes “mata” aquela velha sociedade e sob os auspícios da deusa Athena, que não nascera de mulher é absorvido pela nova forma política que se impõe.

Alguns ritos iniciáticos também são apresentados, Ifigênia ao invés de ser morta na hora H é substituída por uma Corsa (lembra o sacrifício de Abrão). Orestes vai viver no exílio, para de criança volte como guerreiro adulto, tem em Pílades seu preceptor.

Sobre Ésquilo



Poeta grego. Viveu por volta de quatrocentos e oitenta A.C. É um dos precursores da tragédia grega. São poucos os livros dele que chegaram até nós. Muitos dos seus escritos se perderam por completo, outras apenas partes. Temos acesso aos seguintes: a TRILOGIA DE ORESTES e o PROMETEU – que é uma trilogia, mas que se conhece apenas o primeiro volume.