segunda-feira, 25 de abril de 2011

Crise Mundial e um Novo Mundo


Os elementos da Crise



Segundo matéria do caderno de Economia do Estadão deste domingo, 24/04/2011, “A dívida de um punhado de países ricos aumentou em US$ 16 trilhões (mais que o PIB americano) desde 2007, e atinge hoje US$ 42 trilhões, ou 61% do PIB global, representando uma das principais ameaças à recuperação da economia mundial”.

Ora, estamos vivendo um novo momento da crise iniciada em Setembro de 2008, mais precisamente a apresentação da conta salgada do resgate dos bancos e corporações feitas pelos planos de Bush I e II, e os três ajustes de Obama nos Estados Unidos. Apenas Bush injetou no sistema bancário americano combalido cerca de 1,5 Trilhões de Dólares que foi reforçado por Obama ainda na transição e nos seguidos ajustes de 2009, 2010 e o último agora de 2011.

Na Europa, na Zona do Euro - França, Alemanha e Inglaterra – também participaram do “salvamento” do sistema bancário mundial, numa cota menor, mas não menos significativa, algo como 1 Trilhão de Euros. O Japão vem ano a ano num processo crescente de endividamento público, agravado com a crise de 2008, também pagou sua cota com 800 bilhões.

A dívida pública que havia fechado 2007 em 26 trilhões, algo próximo a 47% do PIB mundial explodiu em menos de 3 anos para 42 Trilhões, apenas neste trio: EUA/ EU e Japão. Chegando assim a 61% da produção de riqueza anual de todos os países do planeta.

Ainda segundo o estadão: “O problema americano é que, com a crise global de 2008 e 2009 - e os grandes déficits públicos que foram usados como alavanca para relançar a economia -, a dívida pública explodiu.

Segundo os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida bruta do governo americano saltou de 62% do PIB em 2007 para projetados 99,5% em 2011 (e deve chegar a 112% em 2016). “Hoje, a dívida está entre US$ 14 trilhões e US$ 15 trilhões.”

País


Divida Pública 2007


Divida Pública 2011


%PIB 2007


%PIB 2011


EUA


8,7


15,2


62


99,5


Zona do Euro


8,2


11,3


66


87


Japão


8,2


13,3


188


229


Fonte FMI



Economias falidas

O reflexo deste imenso endividamento é a degola das economias mais periféricas, como Grécia, Portugal, Irlanda e mais presente Espanha. Estes países que receberam grande inversão de capitais para se adequarem à zona do Euro, hoje estão totalmente insolventes, tecnicamente falidos, vivendo da esperança de aporte da Alemanha e do FMI.

As imensas subvenções européias ao sistema financeiro fez saltar o déficit publico de 3,3% em 2007 para 6% em 2009 e 2010, com cortes orçamentários para 2011 reduzir para 4,4%, sobrando assim pouco alento em salvar estes países que irremediavelmente sofrem todas as conseqüências do desastre econômico, apenas Espanha tem hoje 22,5% da população economicamente ativa desempregada. Portugal numa crise de governabilidade.

Esta realidade catastrófica é exposta neste momento de aparente calmaria, depois do colapso profundo de 2008 e 2009, 2010 ficou numa zona de baixa turbulência, pois o EUA provocou uma guerra cambial terrível despejando apenas ano passado 600 bilhões de dólares no mercado mundial sobrevalorizando moedas e tornando suas mercadorias competitivas.

Porém estas imensas dívidas pública, que provoca um déficit fiscal de 10% ano nos EUA, ameaça qualquer perspectiva, em curto prazo, de uma leve recuperação, o custo social é altíssimo, programas sociais, incentivos aos trabalhadores e desempregados são cortados e, paradoxalmente, produziu uma ampliação dos bilionários nos EUA nos últimos 3 anos. O resgate estatal se deu justamente para socorrer os mais ricos.

Estado de Bem estar Social dos Ricos

Ideologicamente chega a ser risível, todo o floreado do ultra liberalismo, teve sua morte na prática, não no discurso, no socorro do ESTADO aos ricos. Todos os anos de pregação contra o Estado, pelo seu fim, não resistiu à grande crise, todos os bancos que fizeram a maior ciranda financeira da história foi salvo com dinheiro público, com a possibilidade remota de um dia o Estado receber qualquer coisa de volta. Nem mesmo os famosos bônus milionários foram cortados nos pacotes de ajuda aos bancos e grandes empresas, daí se explicam o crescente número de bilionário na crise.

O próximo conflito interno americano será a eleição presidencial de 2010, Obama já se lançou, em algo inédito para padrão americano, um ano e meio antes do pleito. "O compromisso (entre os partidos) é a única alternativa ao suicídio econômico, portanto ele virá: a única pergunta é: depois de quanta deterioração?" - resume para o Estado o economista Barry Eichengreen, da Universidade da Califórnia em Berkeley.(Fonte: Estadão).

Logo no seu relançamento Obama prometeu cortar 4 trilhões da dívida em 4 anos e reduzir o déficit público para 3,5% até 2016, como bem definiu Clinton em 1994 na luta contra Bush Pai: “é a economia estúpido”  que explica a vitória ou derrota de um candidato presidente, assim será mais uma vez com Obama.

Porém a bolsa de apostas das agências de riscos e especuladores é que este interregno da crise terá seu fim em 2013 com uma nova e mais profundo crise de ajuste global, reduzindo em muitos os ciclos de grandes crises: "Os investidores estão preocupados com 2013, não com hoje, e foi também sobre 2013 que a S&P falou - estamos a dois anos da crise, em outras palavras", nota Einchengreen.

Marx define a Crise como sendo a “Pletora do capital” a sua expansão, abundancia é que leva a crise não sua falta. A superprodução de bens e capitais é a característica principal do ápice da crise, uma leitura vulgar, pensa que o contrário que leva à crise capitalista. A injeção dos Bilhões do FED combinado com o estoque de títulos por China e Japão (dois trilhões de dólares) é o epicentro da próxima crise global que se avizinha.

BRICS – Um mundo Novo


Quase um mundo à parte é a realidade dos BRICS( Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), mesmo depois da sacudida provocada pela crise de 2008, este conjunto de países que na prática pôs abaixo o G7 em nome do G20, experimenta uma situação econômica distinta e torna-se cada dia mais um modelo de expansão e crescimento à despeito da crise.


A iniciativa deste conjunto de países de buscar modelos alternativos ao capitalismo central, tem se demonstrado correta, mesmo na maior crise econômica mundial desde 1929, o abalo provocado foi relativamente baixo. Aproveitando-se de uma dinâmica econômica diferente, apostando em suas economias locais, cada um a seu modo enfrentou/enfrenta bravamente a crise sem reflexos graves aos seus povos.

A China que lidera o crescimento mundial neste novo século combina sua imensa população que oferece mão de obra abundante e relativamente barata, com um alto nível educacional, rapidamente se tornou a segunda maior economia mundial, é a grande compradora e vendedora do comercio mundial, uma agressiva estratégia levou que as empresas chinesas passassem de mera manufatura à grande produtora de valor agregado, com a introdução moderna parque tecnológico. Este imenso mercado é também hoje o maior consumidor de commodities mundial.

Suas imensas reservas, que hoje gira em 3,03 trilhões de dólares, fez dela a maior credora americana, apenas de títulos americanos os chineses têm 1,3 trilhões, cerca de 10% da dívida dos EUA. O BC chinês pensa em formar um fundo de investimento que pode potencializar ainda mais a economia chinesa, abreviando longos anos para alcançar a hegemonia mundial.

Fato que a falta de democracia para uma imensa classe média que se forma na China será um entrave no futuro, regime ultra centralizado do PC e sua velha burocracia será cobrado muito em breve, apenas em 2010 houve 13 milhões de petições diretas sobre abusos e desrespeitos aos direitos, é uma face invisível desta nova geração que vai querer poder.

A Rússia que era vista apenas por seu potencial bélico e suas imensas reservas de petróleo, também cresceu a taxas significativas até 2008, foi o elemento dos BRICS mais atingindo pela crise, pois sua economia depende diretamente das exportações para Europa e EUA, baseadas em petróleo. Mas os acordos com a China em 2009/2010, num grande movimento de aproximação voltou a crescer e espantar a crise. Grande problema russo continua sendo a pouca estrutura democrática e poucos dirigentes capazes de liderar o país.

A Índia é o país que aproveitou muito sua população com domínio do Inglês e virou uma grande plataforma de serviços globais, empregos de suporte técnico de grandes empresas, com imensos call centers se estabeleceram lá trazendo empregos e crescimento. Além disto, indústrias de software têm na Índia hoje uma das maiores plataformas mundiais, produz valor e inteligência. Há um amplo crescimento interno que sustenta suas taxas de PIBs, mesmo na Crise.

Sobre Brasil, tentarei escrever esta dinâmica em artigo autônomo, mas apenas para constar em consonância com os BRICS, o Governo Lula sem dúvida impulsionou as principais iniciativas do combate a crise, tanto no âmbito interno, como no front externo. A rápida e dinâmica recuperação de sua economia é objeto de estudo e debates no mundo, sua população e dimensão continental que combina crescimento, distribuição de renda com uma democracia ampla é o elemento mais destacado nos BRICS. Claro que há atrasos cruciais na Educação, Saúde, Infraestrutura, mas o país experimenta um dos mais longos e duradouros período de prosperidade, mais de 30 milhões saíram da miséria em poucos mais de 6 anos, a nova classe média já responde por 53% do PIB. Todos estes fatores serão trabalhados posteriormente com mais acura.

Crônicas do Japão X: Mundo do Trabalho II - a armadilha

 

Boas vindas (?)

Como falei no outro artigo sobre o local de trabalho, ele reflete a hierarquia da sociedade e do trabalho, a posição que você ocupa na mesa coletiva, quanto mais próximo da frente cargo mais importante, assim como nas mesas da frente quanto mais próximo do centro, cargo maior.

Nosso grupo de trabalho era formado por cinco pessoas nos apresentamos aos gerentes, entregamos os presentes e nada aconteceu, havia um lugar reservado numa mesa grande, e ficamos mais ou menos isolados das outras pessoas, ficamos à frente, perto das mesas gerenciais. Uma secretária nos informou do horário de almoço e que eles pediam “Bentô” que deveríamos pedir o nosso até as 10 horas da manhã.

Ficamos nos olhando, sem saber exatamente o que estava acontecendo, nosso Sensei (professor) estava em viagem viria apenas na semana seguinte. Até aí tudo bem, uma semana sem aulas, teríamos tempo de estudar materiais de trabalho, era um modelo novo de central telefônica que estava em desenvolvimento, assim acabaria sendo bom este tempo para um primeiro contato com o equipamento, manuais.

Mas havia algo estranho no ar, ficamos isolados, ninguém conversava conosco, exceto o protocolar Oyahô Gozaimassu (Bom dia) e o Oyassuminasai (boa noite, bom descanso). Aquilo incomodou, mas começamos a levar na boa, e como bons brasileiros, fomos fazendo brincadeiras, apelidos, piadas, sem nos expor muito, mas sempre rolava um clima mais “festivo” entre nós.



A armadilha

 



No quarto dia de trabalho já estávamos mais que à vontade, porém na hora do almoço ao descermos no elevador, estava bem cheio, um dos amigos, que era grande e estava bem gordo, recebeu uma piada em português até bom, “tem que fazer regime né, senão não cabe no elevador cheio”. Olhamos-nos meio espantados, um senhor japonês deu uma risadinha e saiu.

Quase não almoçamos, pois aquele senhor, ele se chama Tsuchiya, se sentava bem próximo de nós na mesa grande, ao voltar do almoço fui imediato ao lado dele e perguntei onde ele aprendeu português e tão bem. Ele disse que tinha morado no Brasil uns oito anos antes, tinha ficado um ano e dois meses aqui, e que estávamos cercados em todos os lados por pessoas que falavam português ou pelo menos entendia bem o que dizíamos mais ainda no final do dia eles se reuniam para mais ou menos passar a impressão de cada um sobre nós ao chefe.

Ou seja, caímos numa armadilha, e foi nosso primeiro choque de realidade de trabalho no Japão. Aquela semana “livre” no fundo era uma avaliação de comportamento, que dependendo, poderíamos até ser mandados de volta ao Brasil sem nem termos começado a trabalhar. No fundo, o amigo, ele se tornou grande amigo nosso até hoje, nos salvou de nossa própria tolice.

Nosso filme estava “queimado”, por sorte tinha feito um grande amigo, Yonekura, aqui no Brasil, que viera nos ajudar no começo da implantação do sistema celular, procurei desesperadamente o fone dele, e torci para que ele estivesse no Japão, pois ele trabalhava num departamento de trabalhos internacionais da empresa. Consegui falar com ele na sexta-feira e expliquei nossa situação. Ele deu risada e foi logo falando, vou marcar um jantar com todos estes chefes do escritório para apaziguar a situação.

Solidariedade de amigos

 

Semana seguinte ele fez um excelente meio de campo num jantar com boa parte dos caras do escritório, ele era chefe também e muito respeitado porque morou muito tempo fora do Japão. Reapresentou-nos para os chefes, falou que no Brasil tinha sido bem tratado por mim, aliviou a nossa parte.

Detalhe beberam muito, comeram muito também, entre nós tínhamos combinado pagar a conta, já estávamos preocupado com o valor, porque eles pediam de tudo, mas vai valer à pena. O certo é que no fim de tudo, umas 22 horas, lá tudo se encerra neste horário, Yonekura pediu a conta, lá vem à dolorosa, ele olhou o valor e deu ordem, para cada um deles pagasse uma parte de acordo com o cargo que ocupava, ainda saímos no lucro.

Figuras como Tsuchiya e Yonekura, que viveram fora do Japão, passam a ter uma visão mais aberta do mundo, respeitam os seus costumes, mas sabem da diversidade fora de lá. Sem dúvida, entendem melhor a vida, os costumes, sabe que determinadas idiossincrasias japonesas, como esta de querer “conhecer” quem os visita não é natural no mundo tão global.

Yonekura se definia como “carioca” e flamenguista, amava o Brasil, as pessoas, gostava de sair e de conhecer os lugares. Sempre que podia nos levava a restaurantes e bares, lugares escondidos que funcionavam até depois das 22 horas. Certa vez nos levou a um local, que parecia uma residência, na verdade era um pequeno restaurante caseiro, que tinha apenas três mesas. A especialidade era Yonesabe ( algo como cozido de panela), uma panela grande numa grelha cozinhava de tudo, pedaços de frango, peixe, frutos do mar e temperos variados, de vez em quando o dono do restaurante vinha com algo mais, e neste ínterim Yonekura ia mexendo a uma concha longa para dar o gosto. Um manjar dos deuses, feita ali na hora, ótima conversa, ele contando sobre o Brasil e a vida no Japão, talvez tenha aprendido mais ali de que em qualquer manual, ou artigo de jornal sobre os costumes e a essência daquele povo tão diferente e único.

Tsuchiya era um intelectual, engenheiro de telecomunicações estava migrando de telefonia para um novo ramo que estava surgindo: Internet. Ele trabalhava com Software aplicado, específico aos equipamento da Nec, pelo tempo de experiência já era uma espécie de consultor na empresa, como escolhera a carreira internacional, estava fora da hierarquia formal da empresa, apesar de ter cargo, na época era Shunin (chefe de seção), prestes a virar Catchô (Gerente médio), ele tinha apenas um subordinado e uma assistente. Foi um dos primeiros caras que conheci que estava saindo do mundo de telefonia e indo para o lado IP. Quando morou no Brasil, entre 1987 e 1988, além do português aprendeu a gostar de bossa nova, para minha surpresa conhecia quase tudo de Elis Regina, Tom Jobim. Falou-me, certa vez, que levara quase 50 LPs de música brasileira daqui. Era sempre um prazer conversar com ele, recentemente reencontrei-o no Facebook, vamos reativar a amizade.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Crônicas do Japão IX: Tókio II-Harajuku e seus Rebeldes



A desrepressão da juventude japonesa, ou seu momento sublime de rebeldia, era feita em Harajuku, parte Oeste da cidade, local de belos e grandiosos prédios comerciais e vitrines. O conjunto que vai de Yoyogi até Ebisu, neste espaço congrega as grandes vitrines de Shibuya, os prédios gigantes de Shinjuku, é todo muito bonito e vistoso. É o lado oposto à baía de Tókio.

     

No Harajuku Park você encontra de tudo, menos gente careta. As figuras desfilam uns para os outros os mais estrambóticos vestidos, calças, casacos, sapatos, o mais importante é “causar”. Perfomance aos montes, casais vestidos de roqueiros anos 50, rapaz de costela à Elvis até visuais punks, góticos.


Aqui é o lugar do show, muitas cores, efeitos visuais, ninguém se incomoda com o que ver o exagero, não é exagero, é apenas visual. A música rola solta desde vitrolas fakes com rock de Elvis, ou a cantora J-pop da moda, em 1996, Namie Amuro, uma bela jovem de Okinawa, com seus cabelos amarelados e sua pele morena, um choque na Tókio branquela.

   

Namie Amuro é um caso à parte, pois venceu o preconceito dos bem nascidos de Tókio contra a rebelde ilha de Okinawa. Quando ela surgiu e estou no J-Pop foi algo grandioso aquela garota de 19 anos criou moda, mudou o mundo fashion, aquela pele bronzeada virou hit, os cabelos descoloridos, as saias curtas e longas botas, tudo isto virou febre para as Netchans (Jovens japonesas). Até hoje ela é vista como fenômeno. Seu estilo foi copiado pelos rapazes com os ídolos de futebol Maezono e outros que adotaram os cabelos descoloridos.

  

Harajuku respira justamente este jeito deslocado, tolerante, em contraponto a rígida sociedade japonesa. Costumo dizer que os fins de semana do parque é uma espécie de libertação destes jovens. Rebeldes nos fins de semana e doces na semana nas industrias, bancos, escritórios e nas escolas.

Crônicas do Japão VIII: Dekasseguis


Crise dos anos 90

Comecei a trabalhar numa empresa japonesa em 1989 todos os diretores eram japoneses vindos de lá, uma espécie de prêmio, pois dificilmente lá teriam a mesma chance de crescimento hierárquico, aqui significava uma vida de mais conforto e uma aposentadoria mais gorda, pois o cargo aqui era remunerado e tinha status do equivalente no Japão. Poucos brasileiros tinham funções dirigentes, o principal impeditivo era a língua, idioma oficioso na empresa era o Nihon-go.

Entre os meses de Fevereiro e Junho de 1990 no meu departamento ficamos sem novas obras de implantação de centrais telefônicas, apenas os contratos velhos estava em andamento, chegamos a ficar no escritório 90 a 100 técnicos e engenheiros amontoados em salas de reuniões. Mas aí aconteceu um fenômeno impressionante, destes quase 100 funcionários, 85 eram descendentes de japoneses, cerca de 60 pediu demissão e foram embora para o Japão, teve dias de saírem 5 funcionários.

A grande crise inflacionária do final do governo Sarney e o confisco da poupança do Collor foram o combustível para a grande emigração dos descendentes japoneses rumo a terra de seus bisavós, avós e eventualmente pais. Os chamados Dekasseguis brasileiros constituem-se como a maior colônia de brasileira na Ásia e terceira no mundo.

Dekassegui


Dekassegui é uma combinação de palavras japonesas Deru Sair) com Kasegu (buscar trabalho) que genericamente era usada para identificar os trabalhadores que saiam de províncias distantes(Hokkaido, Okinawa) e iam para cidades maiores(Tókio e Osaka) trabalhar principalmente nas colheitas, depois na industrialização acelerada,serviam de mão de obra barata, o termo é pejorativo, também significando “ladrão de emprego”.

O termo passou a designar os estrangeiros, descendentes ou não de japoneses, que chegaram a grandes levas na metade dos anos 80 ao Japão, devido ao grande crescimento econômico e a crescente sofisticação da sociedade japonesa, os empregos denominados: Sujos, Pesados e Perigosos, que eram abundantes e mal remunerados, passou a ser feito por estrangeiros, houve uma leva de iranianos para construção civil pesada. Mas a diferença cultural não permitia sua integração.


Com a crise generalizada na America Latina, Brasil, Argentina, Peru, que havia recebido grandes levas de japoneses no início do século XX, acabaram sendo ponto de recrutamento desta mão de obra complementar. Havia sinais de identificação cultural, laços com povo e um conhecimento rudimentar do idioma.

Brasileiros no Japão


Milhares de jovens e adultos largaram emprego, insegurança, família e foram em busca de dinheiro e conforto no país de seus ancestrais. Arregimentados ainda no Brasil por empresas terceirizadas das grandes empresas, muito já chegavam lá devendo meses de salários. A necessidade de cobrir estas despesas, além de moradia, o alto custo de vida, fazia com que estes brasileiros e latinos se submetessem a longas jornadas para receber a Zangyō (Hora extra).


A dura realidade não desanimou estes heróicos cidadãos, que aqui no Brasil eram vistos como japoneses, porém lá era apenas um cidadão de terceira categoria, muitas vezes desprezados por não dominarem a língua, assinavam contratos lesivos, jamais tinham chance de ascensão social. Os salários altíssimos para o padrão brasileiros, não chegava a um terço ou metade de um japonês nato, sendo apenas compensado com jornadas mais longas, cansativas e perigosas. Muitos sociólogos estudando a vida destes trabalhadores estrangeiros chegam a falar de “escravidão remunerada” em determinado sentido é isto que se percebia.

O mais incrível é que lá o sentido de brasilidade acabou criando uma colônia mais rica e solidária cheia de criatividade, vários pequenos mercados com produtos brasileiros em pequenos caminhões, ou em casas se disseminou. Viraram ponto de encontro de troca de idéias, de apoio aos que perdiam emprego ou passavam por apertos típicos de um país estrangeiro. Viraram a maior colônia que fala português na Ásia.

Lembro que os jornais brasileiros eram vendidos nas lojinhas com 3 dias de atraso e as novelas eram gravadas em fitas VHS e alugadas, parece até brincadeira. Os brasileiros fundaram jornais direcionados para colônia em português, fizeram um canal de TV com noticias em português e matérias sobre o Brasil, com o avanço da Internet e das TVs a cabo, tudo facilitou, mas em 1996 era uma maravilha ler uma revista brasileira lá.


A colônia criou carnavais brasileiros, restaurantes, clubes, escolas, praticamente todos à margem da sociedade japonesa, os casamentos quase sempre dentro da colônia, pois um japonês (a) nato não se mistura. Em 2005 chegou a ter 302 mil brasileiros (descendentes ou não) morando no Japão, devido a crise de 2008 e 2009, 50 mil voltaram, pois perderam praticamente tudo.


O sonho de ir ao Japão ficar 2 a 4 anos para muitos virou a vida inteira, famílias constituídas aqui foram abandonadas, com separação ou não, e nova construídas lá. Mas um fluxo de 1,5 a 2 Bilhões de Dólares ano é o resultado do trabalho dos brasileiros lá que mantém vínculos aqui. Alguns compraram casas, terras, terrenos aqui para no futuro voltarem para casa. Outros voltaram, mas não se adaptaram, muitos ficam no ir e voltar. O certo é que a colônia brasileira segue firme na sua luta dia a dia por sua afirmação no Japão.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Crônicas do Japão VII: Cotidiano e tecnologia


Rotina nos Trens



A rotina de quem anda de trem, trabalha ou estuda em Tókio e nas cidades grandes são desgastantes, pois, logo cedo os trens estão lotados, filas são imensas nas estações, cada vagão há um guarda todo paramentado, inclusive com luvas brancas que ao receber o sinal do controlador delicadamente empurra os últimos passageiros.


Trens cheios, poucos bancos, às vezes nenhum, uma coisa que choca um ocidental é que ninguém dar lugar nos bancos quer seja para mulheres, mesmo grávidas ou idosas. Certa feita eu cedi meu lugar a uma senhora ela recusou, eu insistir, até que ela se sentou, ficou espantada, porém ao meu lado, um cara começou a falar mal, mal sabia ele que eu entendia os impropérios, apenas porque dei meu lugar. Bem estas coisas culturais têm que aceitar e respeitar.


Havia também na época uma campanha por denuncia dos assédios sexuais nos trens, era muito comum os homens se aproveitarem dos vagões lotados e “passar a mão”, infelizmente pouca mulheres enfrentava aquele constrangimento e os denunciava, uma sociedade machista demais em que as mulheres se submetem a este tipo de humilhação.

Outra coisa muito curiosa e espetacular era a técnica de “dormir em pé”, caramba os caras literalmente dormiam durante os trajetos, mesmo mal acomodados, aquilo sim é técnica sofisticada de relaxamento, mais ainda, tinham um despertador automático de descer exatamente em suas respectivas estações... Quer dizer nunca confirmei se eles não tinham passado do ponto... Mas dormir em pé é sensacional.


 "Dormidor"

Mangas


Entrar no trem é ver milhares de Mangas abertos, as revistas populares com historias que vão de jogos de beisebol até as lutas de samurais, passando por moda, estilo de vida, as mais variadas e coloridas, que, invariavelmente, perdida no meio delas tem umas novelinhas eróticas, assim do nada, claro com os famosos “tapa sexo” (mosaicos).


(Pai)

Os Mangas ajudam no vocabulário e disseminação de uma língua muito complexa, rica em detalhes, seus ideogramas com significados próprios, algumas palavras com a mesma fonéticas, mas separadas radicalmente quando se ler o kanji, por exemplo, hospital e cabeleireiro têm o mesmo som, mas são escritos de forma totalmente diferentes. Estas sutilezas de uma língua com seus mais de 15 mil ideogramas precisam ser popularizados para amplo conhecimento, os mangas são excelentes neste aspecto. Curiosidade, apenas para se ler a capa de um Shibum (jornal) é preciso conhecer pelo menos 1000 Kanjis, para ler o jornal inteiro, uns 3000, um graduado numa universidade domina 10000. Como falei a língua é usada também como instrumento de dominação e de hierarquia, na sociedade, no trabalho, na vida.



Celulares

 

Já em 1996 os celulares eram muito populares no Japão, muito coloridos, tela com boa definição, porém ainda muito pequenas, os primeiros mangas para celular começavam a circular, em cima do SMS, as mensagens traziam curtos contos e figuras.

Recentemente com a explosão dos smartphones, da possibilidade de telas maiores os celulares vão paulatinamente concorrendo com os mangas, em 2009 o livro mais lido no Japão foi transmitido via celular, para mais de um milhão de aparelhos, o download era enviado principalmente na hora que se ia ao trabalho, capítulo a capítulo.


Desde daquela época as músicas também eram comercializados nos celulares, desde 2000 a maior fonte de lançamento de músicas no Japão são feitas via celular, as operadoras são as maiores distribuidoras de músicas, se paga pelo recebimento dos “single” que são convertidos imediatamente em ring tones.

As principais operadoras celulares são gigantes que investem pesado em tecnologia, antecipando tendências e gerações de celulares. Em 2000 a primeira versão da 3G, foi customizada para o Japão. Em 1996 havia 46 milhões de terminais, no Brasil naquela época não chegava 2 milhões, todos lá eram digitais, aqui caminhava-se com os terminais analógicos. Naquela época mesmo os EUA o celular ainda não era massivo, com menos de 20 milhões de terminais.

Por morar em residências muito pequenas, preço do metro quadrado nas grandes cidades é absurdo, tudo que se pode tornar minúsculo se fazia, os CDs, foram rapidamente substituídos por MDs de posteriormente pelo MP3, espaço é vital, TVs de Plasma, LCD, LED substituíram as de tubo, mesmo estas na época que morei eram bem reduzidos os tubos para ocuparem o menos espaço possível.


A revolução digital mais do que um luxo no Japão se tornou uma necessidade, aperfeiçoar produtos, facilitar armazenamento é fundamental, poderosos Notebooks, aqui era uma raridade em 1996, já era amplamente usado no Japão.

Crônicas do Japão VI: As torres de Tókio


Nec Supertower e baía de Tókio ao fundo

A popularização de prédios colossais foi uma moda na época que a economia japonesa estava em plena ascensão, em particular nos anos 80, as construções eram símbolo da pujança da empresa e do país, erguer edifícios “conceituais” virou uma forma de demonstrar quem é quem, prédios centrais das companhias japonesas viraram atração, tanto interna como externa. Seus imensos prédio, com os famosos mirantes rapidamente viraram febre de visitação para bater pelas fotos. Abaixo alguns que visitei em 1996.

Nec Supertower


Uma semana depois de ter ido a primeira vez a Tókio, fui fazer uma visita de boas vindas no prédio da Nec SuperTower em Tamachi. Fizemos toda uma preparação, pois o Head Office da empresa mundial tinha sido recém inaugurado e virou atração turística pela imensa torre, até então uma das mais alta da cidade.

A Nec SuperTower que tive o prazer de visitar era algo inacreditável, estamos falando de um prédio em 1996, cujos computadores de seus funcionários trabalhavam em rede, a Intaneto (Internet) ainda usava fraldas, mesmo no Japão, porém, lá,  a própria Nec,  produzia programas de WebTv que ao lado da tela de trabalho, geralmente telas grandes, divididas ao meio, os funcionários recebiam os releases OnLine. Aquilo era incrível, ao mesmo tempo em que você trabalhava, recebia notícias do mundo, lógico que as matérias eram seguimentadas, mas já era algo revolucionário.

O conceito de prédio inteligente era de cima a baixo, por exemplo, se alguém ia ficar além das 17:30, deveria comunicar a administração, através de memo(pré-email), qual temperatura e luminosidade gostaria para sua baia. O andar ficava com pouca iluminação e apenas nos locais em que havia gente a trabalhar maior claridade.

O Prédio era servido por uma estação própria de metrô, na época nos seus imensos 180 metros e 43 andares, trabalhavam 12 mil pessoas, entre o 35º e 37º havia um lindo jardim, uma beleza de criatividade e equilíbrio, deste andar em dias de tempo claro se via o Monte Fuji. Os elevadores inteligentes serviam a grupos de andares, porém acima do 37º apenas os executivos mundiais da empresa e visitantes ilustres.

Tókio Tower

 

Tokyo Tower

A Tókio Tower com seus 333 metros foi construída inspirada na Torre Eifel, lá é um concentrador de TVs, Rádios, links de rádios para celulares e internet. Inaugurada em 1958 e mais 150 milhões de pessoas já pagaram para admirar a cidade, nos seus dois mirantes (primeiro 150 metros, o segundo, especial nos 280 metros. É uma visão de tirar o fôlego.

Shinjuku - Prefeitura de Tókio

 TokyoMetropolitanGovernmentOffice.jpg

Tokyo Metropolitan Government Building



O conjunto arquitetônico da prefeitura de Tókio é belíssimo, localizado em Shinjuku, são vários prédios que convergem para o principal dar uma impressão de uma nau e seu mastro central que lhe capitaneia. Mede 242 metros, também aberto a visitação, paga, claro, nada lá é de graça. É uma visão oposta da Nec supertower e Tókio tower que ficam ao sul, este prédio fica na região norte da cidade. Só a ampliação do prédio da prefeitura em 2005 custou 1 bilhão de dólares, motivo de polêmica de gasto do dinheiro público.

Aliás, Shinjuku concentra várias e imponentes torres de grandes empresas privadas que rivaliza com prédio da prefeitura, como sede do grupo Sumitomo. Tem também as torres: Mitsui, Park tower, Opera City. Todas com mais de 200 metros de altura.

Tokyo Opera City cropped.jpg  

 Tokyo Opera City Tower                 Shinjuku Mitsui Building

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Crônicas do Japão IV: Um país nos "trilhos"




(Shinkansen ao fundo o Monte Fuji)

Trem

Sem dúvida os trens são o elo de ligação principal no Japão, quer seja nas grandes e populosas cidades, ou nas pequenas e médias, a infraestrutura de trens é impressionante e altamente necessário, pois as vias de deslocamento são rapidamente sufocadas pela imensa quantidade de carros, os trens apesar de cheios são mais rápidos e pontuais, facilitando a vida urbana.

Quando se mora no Japão é que se tem uma verdadeira noção de superpopulação em território pequeno, a cidade em que morava, Kashiwa, fica na província de Chiba, distam 28 km de Tókio, que pertence à outra província, todo percurso de trem (30 minutos) é totalmente povoado.( Kashiwa para Ueno (Tókio)


Tókio é uma cidade mega populosa vive em torno de 20 milhões de pessoas, num espaço territorial exíguo, só na parte central são 8,5 milhões de habitantes, em 23 distritos. Minha porta de entrada em Tókio era Ueno Station, em que se faz o Norikai (baldeação) de trens, saindo da linha interestadual para cair na Yamanote Line, uma linha de trem circular de que une os distritos centrais da cidade.

Yamanote Line



A Yamanote Line é uma obra genial de trem que une a cidade, cada estação é o transbordo das linhas de trens regionais, intermunicipais ou interestaduais, todas extremamente bem articuladas, as estações troncais principais são a imponente Tokyo Station, nó que articula o Shikansen (trem bala) que vai de norte a sul do Japão. E pelo lado oposto a estação de Shinjuku. Como a Yamonote Line é uma linha circular, há ainda as linhas de trens e de metrô (pouco popular) que corta pelo meio o círculo.

Aparentemente confuso à primeira vista, depois se percebe rapidamente a eficiência, a lógica e a precisão do sistema de trens em Tókio e por todo o Japão. As estações de trem são pontos de integração para outras linhas menores de trens e/ou de ônibus, concentram em cada uma delas prédios de estacionamentos de carros e de bicicletas. Muitos se deslocam aos trens a pé, bicicleta, carros ou ônibus aí entram nos trens sempre muito cheios, mas sempre no horário.

Os trens são antigos, sem luxo, poucos bancos, e uma coisa terrível – poluição visual, com banners de propagandas, anúncios luminosos, mídia de TVs – mas a pontualidade e a velocidade de deslocamento é o grande atrativo.

  

Detalhe é que são muitos caros, paga-se por estação, se você entra em Kashiwa e se vai até Tókio (Ueno, por exemplo) custava algo como 15 reais. Em geral compra-se um bilhete inicial de 130 Yenes( R$ 2,00) a medida que se avança paga-se mais. Ao se chegar à estação final há dezenas de máquinas de ajuste de valor, ela lê o bilhete inicial e recalcula a diferença que você tem que pagar, depois emite novo bilhete que permite seu desembarque. É simples, mas chato ficar fazendo ajuste. Para quem tem percurso fixo, casa ao trabalho, eles oferecem um bilhete com valores prévios mais baratos de uso mensal, economia de 15 a 30% de acordo com seu uso, além de evitar o transtorno do ajuste.


(máquinas de ajuste de passagens)

Shinkansen (trem bala) e JR pass


O turista pode comprar o JR Pass  (JR Pass informações ) , que custa, o mais barato, US$ 300 para usar por uma semana, não se pode comprar lá, tem que ser no país de origem. Ao chegar ao aeroporto de Narita ou Nagoya, tem que ir ao balcão da JR (olha a pronuncia JEIARO rs) trocar o voucher pelo Take que lhe permite usar todos os trens da JR, inclusive o Shinkansen, famoso trem bala. Uma viagem de Shinkansen de Tókio para Kyoto ida e volta custa mais de US$ 300 dólares.

O Shikansen é dividido em três categorias: Nozomi,Hikari e Kodama. Elas se referem ao deslocamento, a Kodama é a mais lenta, que pára de cidade em cidade, e nas grandes cidades em algumas estações. A Hikari pára apenas nas grandes cidades. Por fim a Nozomi ela percorre grandes distâncias quase sem paradas, por exemplo, de Tókio a Hiroshima 800 km, ele percorre em 3 horas. No Hikari 5 horas e no Kodama 8 horas.


Além disto, há serviço diferenciado dentro dos trens, também de acordo com a categoria, o que aumenta demais o valor da passagem. Mas você pode viajar na primeira classe, enquanto não vem o fiscal, quando têm poucos passageiros eles nem cobram o bilhete se pertence aquele tipo de vagão.


(Vagão Comum)


(Vagão Especial)

O JR Pass dar direito ao uso de Kodama e Hikari, para usar o Nozomi só com ajuste de preço no trecho (inviável). Conselho, foi o que fiz, ao sair de Tókio para longa distância use o Hikari, por exemplo, Tókio – Nagoya, mas se você está em Osaka e vai para Kyoto e Nara, use o Kodama, a oportunidade de viajar parando e admirando as cidades é muito melhor. Como não tem problema de reuso, você pode descer e voltar ao Shinkansen em várias cidades.

Carro e Ônibus


Andei de carro pouquíssimas vezes nos quase seis meses que morei no Japão, dirigindo nenhuma vez, pois eles adotaram a mão inglesa, ou seja, tudo invertido, sem chance. Mas o fator principal é que na região que morava e nos fins de semana que ia para Tókio é impossível andar de carro, tudo congestionado demais, deslocamento lento e cansativo. Taxi tem preço proibitivo não valendo a pena nunca seu uso.


Ônibus também é um meio de transporte que pouco usei, apenas em pequenos deslocamentos de bairros, ou integração do trem à fabrica, devido ao trânsito intenso não dar para usar.

Fiz dois passeios de ônibus pela empresa, um para Hakone e outro para Kanagawa, durante fins de semanas, mas sentia como é torturante os congestionamentos, inclusive nos postos de ponto de apoio, claro é bem confortável ir de ônibus até bem próximo ao Monte Fuji, mas o cansaço não compensa. Em Tókio via ônibus, mas quase sempre era de turismo.