segunda-feira, 9 de maio de 2011

Crônicas do Japão XVI: Kyoto III - Kinkakuji (Templo de Ouro)



Uma das maiores atrações turísticas do Japão é o Kinkakuji, o templo de Ouro, é mais visitado e mais belo dos templos que visitei, é a construção mais imponente de Kyoto, daquelas que você precisa ver uma vez na vida, para nunca mais esquecer.

Construído pelo grande Xogum Ashikaga Yomishimitsu, durante a Era Muromachi, ele é o esplendor de uma época, conhecida como a de Ouro, as antigas instalações datavam do ano 1200, mas com a compra da propriedade por Yomishimtsu tomou a forma final que conhecemos hoje.

A glória daquela época foi talhada em grandes e imponentes construções a finalização do Kinkakuhi foi por volta de 1397, àquela construção que seria a moradia do grande Xogum, se transformou no mais importante templo Zen-budista do Japão. Todo folheado a ouro ele virou a casa de Budda.

A construção foi várias vezes incendiada, em particular nas Guerras Onin, foi definitivamente reconstruído em 1950, porém em 1955 sofreu novo ataque de um monge que tentou queimar o templo, a imagem de Yomishimitsu foi parcialmente destruída neste ataque, sendo restaurada depois.

Quem o visita jamais esquecerá as alamedas que lhe dão acesso, fortemente protegida pela polícia japonesa, coisa raríssima em qualquer parte do país, é a primeira coisa que se nota, você vai se aproximando e o coração dispara, o sol bate no templo e resplandece, encandeia, é um espetáculo sensacional, ninguém pode atravessar o lago que dar acesso ao templo.

File:Kinkaku3402CBcropped.jpg

A contemplação é próxima, ver aquela “nave dourada” como se andasse sobre a água, o conjunto de pedras que caracteriza o estilo Zen dá equilíbrio e força ao cenário. A imaginação voa ao passado tentando entender como homens rústicos construíram algo tão fenomenal, beleza, imponência, arte e vida.



Conhecer aquele templo e encontrar alguma palavra que possa dizer o que senti é muito difícil, tudo que diga não darão a noção exata do que o templo, sua força, a incrível atração que exerce sobre nós, em todos os ângulos que se possa admirá-lo ele se revela mais bonito, visto da chegada ou ir a um monte  logo atrás para observá-lo de um ponto mais alto, mais aumenta a paixão que ele desperta.

Crônicas do Japão XV: Kioto II - Ginkakuji (Templo de Prata)

Ficheiro:Ginkakuji.jpg

Ginkakuji – O templo de Prata

O templo de Prata é a expressão de um momento da vida e cultura de Kyoto depois do século de Ouro, que teve no Kinkakuji( templo de Ouro) seu auge, a nova Era,porém de austeridade e de grande incerteza.

Yoshimasa Ashikaga, era neto do grande Xogum Yomishimitsu, resolveu construir o templo de prata para que fosse símbolo dos novos tempos em Kyoto, a simplicidade e delicadeza do templo, contrastando com o tempo anterior de riqueza e glória.

As guerras e a disputa do poder punham em risco a sobrevivência da sociedade japonesa, os valores de hierarquia e obediência estavam sendo quebrados, tempos difíceis de conflitos incessante que puseram fim a uma era, quase duzentos anos de decadência se seguiram.



Yoshimasa era um amante das artes e escreveu poesias tipo Tanka e um destes permanece na entrada do templo: "Minha casa ao pé do monte Tsukimachi, aguardando a noite de luar." A cerimônia do chá (sadō) também foi uma arte cultuada naquela casa.



O Ginkakuji é um templo austero, sóbrio, seria uma quase residência de um poderoso que ao morrer deixou-o para virar um templo budista, passando à posterioridade a imagem do seu criador, seus belos jardins que combinam pedrinhas com arbustos faz nos sentirmos andando em bonsais.

A sensação de grande harmonia e equilíbrio entre a natureza que circunda o templo e as intervenções humanas é de tirar o fôlego. A Beleza da construção com a lâmina de prata, uma tentativa de brilhar a lua na escuridão que sobreveio à sociedade naquela época. O templo parece flutuar sobre o pequeno lago que o circunda.



A beleza do Koyo( a floração avermelhada do outono) e as pedras do jardim, ambiente apropriado para meditação do Zen-budismo.

Crônicas do Japão XIV: Kyoto I-Kiyomizudera(Templo da Água)

Arquivo: Kyoto01.jpg

Rumo a Kyoto



Vindo de Hiroshima/Miyajima num moderno Shinkansen(trem bala) e entrando à noite não dar para reparar direito o que nos espera da cidade que se revela à luz do sol, bem como ao anoitecer. Uma grande cidade com excelente transporte coletivo articulado por trens da JR, assim como Tókio que apesar de antigos vagões, são limpos e pontuais.

A viagem a Kyoto é antes de tudo uma volta ao passado e um ato de fé na vida, a cidade reúne o passado feudal preservado nos templos e castelos combinada com uma arquitetura de presente e de prédios futuristas. Chegar à cidade é ter certeza que você entrou quase num cenário de filme.

Kyoto foi capital do Japão por mais de 1000 anos, sofreu destruições nas várias guerras dos samurais, foi palco da glória dos Xogunatos e da longa dinastia de Heian. Kyoto significa capital, vem do nome Kyō ( 京 ), sendo ToKYO ( capital do Oriente). A longa história da cidade e sua preservação encanta que a visita.

Saímos da estação central depois de um Noriakai (baldeação) do Shinkansen para o trem urbano, chegamos com rapidez e segurança ao Hotel, dia muito cansativo cheio de emoções, só deu tempo de tomar um banho de ofurô (ninguém, é de ferro) e cair direto na cama, noutro dia seria muito longo.

Logo muito cedo saímos do hotel rumo ao templos e tempos de Kyoto, a cidade tem incríveis 1200 templos, que vão desde pequenos oratórios numa pequena porta aos majestosos Kiyomizudera (Templo da Água pura), templo de Prata (Ginkakuji), passando pelo Heian(Templo das Laternas - antigo palácio Imperial) ao mais espetacular de todos que via na vida: Kinkakuji – o templo de Ouro.

Kiyomizudera – a água da vida

Ficheiro:Kiyomizu-dera.jpg

O Kiyomizudera é uma ampla instalação, construída no final do VIII que continua lindamente preservado, sendo na verdade um conjunto de templos dos Hosso uma das seitas mais antigas do Budismo.

É um templo afastado do centro de Kyoto, numa encosta de um monte, se chega de carro até determinado ponto e depois se segue a pé. A caminhada é entre belos arbustos extremamente bem cuidados, os cortes são tão perfeitos que parecem terem sido feitos por uma máquina que o esquadrinhasse. A Entrada é ampla, com uma construção central ao pé da encosta do morro.

Ficheiro:Japan Kyoto KiyoMizuDera temple from afar DSC00653.jpg

Neste primeiro templo são feitas as orações e se amarra os pedidos em pequenas tabuletas, o aroma de fumaça se eleva a todos, um cheiro gostoso que purifica a alma e abre a mente para o lugar que se visita. Por uma alameda se saí rumo aos outros templos do conjunto, só ali são 12 templos diferentes e com significados próprios.

O principal templo é o da água pura, que devemos tomar para termos saúde e disposição, uma fonte de água caí e uma pequena caneca é usada para recolher a água e tomá-la.