segunda-feira, 31 de maio de 2010

Mundo Novo x Velhos Conflitos

Conflitos externos dos EUA: a tensão necessária



Este texto tenta apenas elencar elementos para entendimento da crescente onda de conflitos e tensões no mundo. Este fato é fundamental para vermos onde o Brasil se localiza na atual conjuntura e que política pode aplicar para este momento. As questões que desejo pontuar são:

1)    Quem realmente manda no Governo Americano Obama ou Hillary?

2)    Quais os desacordos entre eles?

3)    Qual a importância da indústria bélica americana para alavancar o crescimento do país?

4)    Por que é importante manter o tensionamento externo, em particular com o Irã?

5)    Qual papel do Brasil?

Pequeno recuo histórico



1)    Reagan e a vitória neoliberal



O ciclo neoliberal mais forte e ideológico americano deu-se durante o duro governo Reagan, que foi amplamente vitorioso na luta ideológico ao império soviético, como diz  Macbeth depois das revelações das bruxas”tudo que nos parecia sólido sumiu ao ventos como nossos anelos”.

Reagan conseguiu eleger seu vice, Bush Pai, respaldado pela vitória anti-comunista, sem inimigos claros no mundo. A base da economia americana no pós-guerra era a indústria bélica, bilhões de orçamento público era gasto para deter o inimigo vermelho, com seu fim ela em si perderia a razão lógica de existir. Se não havia contraponto no mundo para que manter algo surreal como ela?

Ledo engano, a pretexto de proteger suas posições no Golfo Pérsico, em 1991, Bush invadi o Iraque, seus leiais aliados de combate anti-iraniano. A mal sucedida invasão, do ponto de vista militar, pois não derrubou Sadam Hussein, reanimou a economia, não o suficiente para garantir um segundo mandato a Bush.

2)    Clinton e os anos dourados do neoliberalismo



Uma surpresa total para EUA foi a vitória de Clinton, ex-governador de Arkansas, estado pequeno e secundário nos EUA. Com uma trajetória de militância política em causas sociais, Clinton chega a Casa Branca e lidera por 8 longos anos um dos maiores crescimentos da economia americana, sem que houvesse um grande conflito externo. Favorecido pela liderança única americana no cenário mundial impôs uma política de expansão das empresas e influência americana baseada no dólar e no mercado financeiro.

Caminhava para garantir um terceiro mandato com Al Gore, seu vice, mas foi atingindo pelo escândalos sexuais, a direita americana pudica até uma tentativa de impedimento cogitou, safando-se por muito pouco. Esta perda de confiança fez com que não tivesse a coragem suficiente de enfrentar a fraude da família Bush na Flórida.

3)    Bush Filho a volta dos senhores da guerra



O episódio de vencer, sem ganhar, levou a uma mudança completa de atitude do Governo Americano, que experimentou uma defensiva externa, questionamento e foi atacado pela primeira vez em seu solo. Os episódios do 11 de Setembro de 2001 foi uma dura resposta tardia a presença americana no oriente médio.

Novo recrudescimento interno e externo deu uma nova guerra ao Iraque a família Bush, detentora de petróleo e amplamente financiada pelos lobbies da indústria bélica. O medo extremo imposto ao estilo de vida americano deu ao Bush Filho seu segundo mandato. Este porém foi um fiasco total, atolados numa guerra sem saída, a economia sem responder, foram 4 anos penosos, um novo “inimigo” crescendo silenciosamente(China) a financiar seu crescente déficit fiscal, culmina com um novo quase 11 de Setembro, 15/09, a quebra de todo o sistema financeiro americano.

4)    Obama o herdeiro do império

Obama surge do nada, ganha da favorita Hillary a indicação do Partido Democrata. Uma hipótese pouco cogitada leva um negro à presidência. Vitória de um outsider total. Sem um pé na máquina partidária, dominada pelos Clintons, Obama faz um acordo cruel, entrega a Secretária de Estado, ministério mais importante americano, a sua adversária Hillary.

Enfrentando uma crise sem precedentes, Obama mais ou menos dividiu seu Governo em dois, no front interno liderado por ele, tenta aprovar reformas na saúde e recompor a economia em frangalhos. No front externo entregue a Hillary e os falcões mais reacionários, como boa conhecedora da máquina de guerra, Hillary tem seu desempenho facilitada pelos crescentes conflitos advindo da ampla crise financeira mundial.

A dura visão do Departamento de Estado, dominado pela Direita dos democratas, escolhe seus “inimigos”, o principal deles o Irã, mesmo com o refluxo no Iraque a aventura no oriente médio ainda é prioritária, atende a demanda da indústria bélica, do setor petrolífero, do militares e dos falcões de Israel.

5)    Os novos atores



A crise mundial atingiu em cheio o coração das economias centrais, numa proporção ainda não medida totalmente, o fantasma de que a crise não passou e ameaça mais fica evidente com a quebra seqüencial de Grécia, provavelmente Espanha, Portugal e Irlanda. A Zona do Euro enfraquecia, abriu uma janela para que país como o Brasil com uma política externa agressiva brilhe no cenário mundial.

O mundo mudou rapidamente nestes dois anos, era inimaginável que um país absolutamente secundário no tabuleiro internacional como o Brasil, agora tenha um papel de protagonista, virou uma espécie de terceira via, diante de EUA, com sua visível débâcle e a China de amplo crescimento, sustentáculo da produção de base mundial.

Esta busca por um pólo democrático longe dos impérios pode e deve ser aproveitado pelo Brasil, até o momento tem sido muito bem ocupado este espaço, aparecendo na questão do Irã e sendo referência nas relações com seus parceiros mais pobres tanto na América Latina como na África.

6)    O que pode vir?



Desenha-se um conflito cada vez mais próximo, não com armas, mas com bastantes tensões entre nações como as coréias, conflitos internos fortes como na Grécia pela não aceitação dos ajustes econômicos impostos pelo Euro. A questão palestina hoje virou mais uma vez assunto devido a agressão do estado de Israel com a devida conivência americana.

Cada vez mais a presença destes novos atores ganhará importância se eles efetivamente apresentarem solução para crise e para crescimento, não adianta apenas belas palavras, tem que ter saída econômica efetivamente, nova base de produção e troca de mercadorias.

Engana-se quem acha que só o campo diplomático está em jogo, o Brasil não foi ao Irã apenas pelo acordo nuclear, aproveitou e fechou parcerias econômicas com Turquia e Irã, esta deve ser a dinâmica a ser adotada pelo Brasil se realmente quiser ser ator importante no novo mundo.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Édipo Rei ou a maldição dos Labdacidas

Édipo Rei ou a maldição dos Labdacidas



Cadmo e os Dentes do dragão




(Cadmo e o Dragão)

O Rei de Tebas Laio descende de uma família amaldiçoada, desde seu bisavô, Cadmo, fundador da cidade/estado, que matara um dragão de Ares (Deus da Guerra). Dos dentes do dragão plantados por Cadmo, nasceram gigantes chamados Spartói , os “semeados”. Espertamente Cadmo colocou-os em luta sobrevivendo apenas 5 de quem se torna amigo e juntos fundam a cidade.

O primeiro “pecado” da família cometido por Cadmo, morte do Dragão, foi expiado quando fez-se escravo de Ares por 8 anos(miticamente é um Rito Iniciático do Guerreiro). Casa-se com Harmonia e tem quatro filhos: Ino, Agave, Sêmele e Polidoro. Sua filja Agave casa-se com o Gigante Equíon, sendo mãe de Penteu, que seria o sucessor de Cadmo, porém sua hybrys contra Dionísio(Baco) foi sua desgraça, ao mandar aprisionar o Deus do Vinho, este faz com que Agave uma de suas bacantes mate o prórpio filho.

Polidoro irmão de Agave tem um filho, Lábdaco, que será o candidato ao trono do avô, mas como era muito jovem, seu tio Nicteu assume o trono, mas pouco depois se mata, sendo substituído pelo jovem Lábdaco. Este ao assumir trono também se rebela contra o culto a Dionísio e suas Bacantes, mais uma vez o deus faz com que suas seguidoras despedacem um Rei que não lhe era fiel.


(As bacantes)

Novamente o trono fica à deriva e Lico, um tio de Lábdaco assume interinamente até o Laio, possa tomar às rédeas da cidade. Um guerra entre Lico e os filhos de Nicteu (Anfião e Zeto) fez com que Laio foi exilado em  na corte de Pélops, o amaldiçoado filho de Tântalo.

Laio herda as mazelas de caráter religioso de seus antepassados, em especial de Cadmo que matara o Dragão de Ares e de Lábdaco que opôs ao culto do Deus do êxtase e do entusiasmo, mas para complicar mais ainda ofende a Pélops quando lhe rapta o filho Crísipo e o seduz, de uma só vez atariu a ira de Zeus deus da hospitalidade e a Hera dos amores “legítmos”.(inaugura miticamente a pederastia na Grécia).

Édipo, de pés inchados


(Laio e Jocasta)

Laio volta à Tebas e assume o trono casando-se com Jocasta, mas desde logo sabendo que carrega contra si as maldições, manda consultar o oráculo de Delfos sobre seu futuro a resposta é direta, se tiver filhos com Jocasta, este o matara e desposará a mãe. Mesmo ciente disto Laio e Jocasta têm um filho,a quem renegam, entregando-o a um escravo para que o abandonasse nas montanhas com pés atados, segundo outras versões ele é colocado dentro de um cofre e jogado ao mar.

O escravo condoído com o destino da pobre criança leva-o a monte Citerão e o dá a um outro escravo da cidade de Corinto. Este leva a criança e o entrega a Mérope, rainha da cidade, esposa do Rei Pólibo, que não tinha filhos. Ao  recebê-lo dão-lhe o nome de  Édipo (Oidípus – Pés Inchados).

Édipo cresce feliz em Corinto e próximo a completar maioridade resolve consultar o oráculo de Delfos e lá a pitonisa o amaldiçoa dizendo que ele matará o pai e desposará a mãe. Diante de  terrível vaticínio resolve fugir para longe de Corinto, para não cumpri seu destino.


(A morte de Laio por Édipo)

Próximo a Tebas o jovem é interpelado por uma parelha dirigido por um senhor que tentar agredir-lhe, ele se defende e na luta mata o homem e seus escravos que o seguia. Ao chegar na entrada da cidade uma terrível Esfinge interpõe-lhe o caminho anunciando um enigma, que é completado com a frase : “Decifra-me ou devoro-te”. Édipo decifra e mata a esfinge.


Ao entrar na cidade é saudado como libertador. É levado a presença da Rainha, que perdera tragicamente o marido, morto segundo se comenta por salteadores fora da cidade. Rapidamente o jovem é feito esposo da rainha e do seu enlace, nascem quatro filhos(Polinices,Eteócles,Ismênia e  Antígone). Vivem felizes até aparecer novo mal à cidade de Tebas. Uma terrível peste assola a cidade e nada do que se planta consegue-se colher. Édipo manda consultar o oráculo de Delfos.

Leva a presença de Édipo, Tirésias o adivinho dos mistérios de Delfos, tem como resposta de que o assassínio de Laio não fora vingado e a cidade estava corrompida pelo incesto. Provocado pelo Rei ele diz que Édipo é o pecador. Este não lhe dá crédito. Chega um mensageiro de Corinto anunciando a morte de Pólibo e que Édipo deve assumir-lhe o trono. Satisfeito por não ter matado o pai e triste por sua morte, Édipo pergunta ao mensageiro sobre seu passado em Corinto, este conta-lhe que fora ele quem o tinha encontrado bebê no monte Citerão.


Desesperado, Édipo chama os antigos escravos que lhe confirmam a desgraça. Jocasta que a tudo assistia se mata. Édipo fura os olhos e exila-se na cidade sagrada de Colono, cercanias de Atenas, pois ele lá não podia entrar.

Comentários sobre a Tragédia das tragédias



Apesar se tema muito corrente e popularizado pelo que Freud denominou: Complexo de Édipo, esta tragédia tem ângulos muito maiores e mais densos, não podendo ser entendido apenas por esta interpretação.

Uma primeira visão é entender que o teatro, poesia grega, era largamente usado para dar amalgama a cultura, laços e identidade da civilização helênica. Portanto esta função de educar, passar valores é fundamental como bem observa Jagger na Paidéia.

Depois o teatro servia como forma de disseminar as leis e práticas toleradas pelas cidades-estado. A condenação ao parricídio e crimes de sangue bem como o combate às relações incestuosas foram leis publicadas por Solón. Os escritores eram convocados a escreverem para o estado sobre temas de interesses da sociedade.

Freud foi brilhante na identificação do conflito estabelecido, partindo de uma visão dos desejos sexuais primevos que a criança tem com a mãe e o ódio em relação o pai. Destes dois vetores chegaremos ao âmago da tragédia edipiana.

Já Jung, não despreza os elementos da libido, porém acha que esta quando represada vai refluir para outros canais (o tempo fático de mais de 20 anos entre o nascimento e as primeiras relações sexuais entre Jocasta e Édipo, dar-lhe razão). Em passant, a ruptura entre ambos esta calcada nesta diferença de interpretação.

Cabe lembrar ainda que a luta entre o Rei velho, que já não tem energia para “fecundar” a natureza, contra o jovem príncipe, para que a “força mágica”, vigor sexual, esteja acesa e mantenha o progresso da sociedade são coisas ainda hoje observadas largamente. Aqui também deve se salientar a mudança da sociedade matriarcal para uma de clara orientação patriarcal. A disputa pelo poder dar-se-á de forma violenta e fratricida.

O mais interessante é que 2500 anos depois nos pegamos a discutir uma tragédia tão magnificamente escrita, que traz muito do que somos, de como fomos educados, em quais elementos culturais nos baseamos, nossos valores, éticos, políticos e religiosos.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Será que você é mesmo Alice?


A estória de Alice no país das maravilhas, ou melhor, a versão desta feita por Tim Burton tem suscitado polêmica sobre a qualidade do filme, da decepção causada devida à grande expectativa criada, desde quando se anunciou o filme. Gostei muito do filme, contrariando opiniões de amigos que viram e acharam-no fraco, sem roteiro, sem nexo e para algum enfadonho. Resolvi escrever algumas idéias sobre a obra.

A pergunta que se repete em todo o filme é esta: "Será que você é mesmo Alice?" é sem dúvida o caminho para ver com outros olhos a pequena grande ousadia do filme: fazer Alice sem ser Alice, usar os elementos de Alice e fazer outra Alice. Esta jogada de frases e imagens que constroem e desconstroem a obra de Alice é mensagem fundamental que consegui tirar do filme.

Para mim há três níveis em no filme sobre Alice:

(1) Rito iniciático clássico;

(2) Psique Menina/Mulher;

(3) Produção onírica;

Este conjunto é extremamente bem desenhado nas imagens de 3D, muito bem encaixadas para cada nível, o jogo das cores, as mudanças de conduta e atitude dos personagens e a variação das cores formam um todo que, a meu ver são grandiosos. Entrando em cada nível teremos a compreensão da obra:
  1. Rito iniciático clássico


Alice tem sua Catábase, ou catábasis (κατὰ do grego, "para baixo" βαίνω "ir") é uma descida de algum tipo. Catábase pode ser um movimento para baixo, um afundamento de ventos, um recuo militar, ou uma viagem ao submundo. Pode significar também uma viagem do interior de um país ao longo da costa, e tem significados relacionados com a poesia, a retórica e a psicologia moderna(Definição Wikipédia baseada na psicologia).

Nos ritos iniciáticos gregos antigos a necessidade de se descer a outro mundo é compreendido como a necessidade de romper com um estágio de vida, não apenas na idade, mas fundamentalmente psicológica. Os ritos de Eleusis que foram sufocados pela religião cristã, era exatamente esta passagem. Notadamente estes ritos são relacionados aos homens, mas os mistérios de Eleusis eram compreendidos também às mulheres. O que nos sobra são os fragmentos destes ritos na peças "As Bacantes".

Em outras culturas, como na judaica, homens têm seu Bar-Mitsvá aos 13 anos, passando de criança à Homem. As meninas se comprometem com Mitsvot aos 12 anos, relacionado com a Menarca (primeira menstruação), deixando de ser criança e virando Mulher.

Parece claro que a descida que Alice faz antes de aceitar ou não seu pedido de casamento com o rico asqueroso que lhe "compraria" a garantia de não ficar solteira, para ser apenas titia. Neste momento, ela, aos 19 anos, é posta à prova quando deve romper com seu mundo infanto-juvenil e virar mulher. Sua descida ao infernum (termo latim para mundo inferior) é um ato claro de revisão de vida.

As imagens são a combinação de alegria e apreensão, medo e felicidade, revisitar personagens que convivem com ela desde a tenra idade, e este sempre a lhe perguntar: Será que você é mesmo Alice?

2. Psique Menina/Mulher




Aqui entra a segunda parte do mesmo mito, a psique feminina. Tim Burton faz um filme de um universo feminino com grande sensibilidade, Alice vai oscilar entre A rainha vermelha e a branca, entre o Sexo, luxúria (vermelha) e a inocência, candura (branca). Por ambas ela será querida, a porção menina fala mais alto, a principio. Mas ambas propõe que ela mate seu dragão, a vermelha tenta lhe seduzir na convivência, porque ela detém o dragão, é mais sutil, pois tem certeza que logo ela será Mulher.

Já a rainha branca deixa-lhe claro, ela tem que matar seu dragão, libertar a si mesma. Alice vacila, tem repulsa a matar, questiona-se por que deve fazê-lo. Mas intimamente sabe que deve ser assim, e na última hora tem o significativo encontro com Absalem, a lagartixa, esta em transformação e mostra-lhe que TODOS deixam um corpo para ser outro, é a metamorfose natural da vida e da cabeça.

A luta é saída natural, a frágil menina é posta frente a frente com o dragão e tem que descobrir dentro de si como matá-lo, por mais improvável que seja ela o mata, a imagem é grandiosa, muito didática, bem construída.

A reflexão anterior à luta, os propósitos de menina, e depois o amadurecimento de mulher são evidentes, mais ainda o diálogo final dela com o chapeleiro, sua última reminiscência, pergunta-lhe se não quer ficar neste “mundo”? Óbvio que depois de matar o dragão não há mais volta

3. Produção onírica;


Talvez a grande crítica ao filme seja a questão do roteiro, que não há humor ou ação, que o andamento é caótico, não tem lógica e por ai desfiam-se as reclamações. Para esta questão, caberia perguntar: existe ordem nos sonhos? Controla-se o que se deve sonhar, como acontecer cada coisa?

O filme é baseado em Alice, mas não é Alice, está claro desde o início é um sonho, uma produção onírica, que o compromisso com a “realidade” é puramente circunstancial. As imagens, as viagens ao submundo da psique de Alice, seus monstros e seus objetos de desejos estão lá, envoltas em névoas psicodélicas.

A dificuldade de entender esta dinâmica do filme, talvez nos leve a menosprezar a grandeza da obra, ou nos contentarmos apenas com um ou outro aspecto da produção.

As fantásticas imagens em 3D nos levam ao mundo dos sonhos, diretamente à mente daquela jovem, que por acaso se chama Alice, mas que pode ser que não seja Alice.