quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Análise de Ilíada/Odisséia - Visão Política

Depois de publicar os apontamentos dos meus resumos da Ilíada e da Odisséia sou instado a tentar analisar o significado destas obras. Aqui começa a grande dificuldade: a multiplicidade de visões que as obras apontam. Tentarei cercar , didaticamente em 3 visões, que se interpolam: Política, Educação e Psicologia.

A visão de Educação, está diretamente ligada a monumental obra de Werner Jaeger, a Paidéia. A visão Psicológica meu guia será o Junguiano Junito de Souza Brandão e suas obras sobre Mitologia Grega e Romana. As observações políticas fazem parte de uma junção de leitura e estudos pessoais que tentam extrair lições próprias destes livros.

A dimensão Política


Cidades Estados em busca de Estado Nacional

As cidades gregas, denomição genérica dada aos povos que habitavam a região dos balcãs, em particular sua parte sul, se constituiu das várias migrações tanto européias quanto asiáticas. Vários povos formaram estas cidades e trouxeram seus valores e culturas, mas não havia uma identidade "nacional" até aproximadamente o Século IX  e VIII A.C.

Estas cidades formadas por tribos de genes comuns, com economia baseada na agropecuária com mão de obra escrava, conquistados em pequenas guerras regionais ou tribais, suas instituições políticas vão se sofisticar paulatinamente nos séculos seguinte e serão referência de exercício de poder democrático.

Com o predomínio dos Dórios começa lentamente a se ter um maior e mais intenso contato entre estas cidades estados, sem dúvida o comércio e trocas entre elas ajudou a aproxima-las, neste aspecto a religião com seus deuses comuns ajudam a formar uma identidade comum. Mesmo assim elas permanecem "autônomas".

A Ilíada nos traz o pano de fundo da Guerra Internacional os povos "gregos" em coalizão invadem a Capadócia. Esta união nacional é germe do estado grego confederado, os chefes locais unem-se aparentemente para defender um dos seus que havia sido ultrajado pelo estrangeiro que roubara-lhe a esposa(rapto ou sedução de Helena por Páris, príncipe troiano).

Cada povo representado na armada grega tem seu príncipe como instância máxima de poder decisório. Os doze principais reunidos têm em Agamenon seu comandante em chefe, mesmo ele não tem todo o poder para si as principais decisões são amplamente decididas pelo colegiado dos príncipes.

A questão da guerra, muito além do rapto é a tentativa de formatar o Pan-helenismo o estado nacional grego, o combate é a forma mais rápida e eficaz de dar unidade a esta idéia. O próprio funcionamento dos órgãos decisórios também demonstra a futura formação política do estado grego.

A poesia de Ilíada e Odisséia está carregada de ideologia política, de leis, códigos, que escritas ou não serão seguidos por todos, a coerção, o caráter obrigatório que elas assumiram. Estas cidades estados, com suas leis locais, vão se moldando ao "espírito grego nacional", as principais cidades, Atenas e Esparta darão a dinâmica político-militar ao estado grego.

Esta inovação marcará definitivamente a história ocidental, desta fonte original primeiro beberão os Romanos, quando da formação política do seu estado, que em muito ultrapassará o grego por seu caráter imperialista. Este caráter, se inspirará em Alexandre Magno, o Macedônio, que conquista a Grécia, e eu seu nome se expande ao Oriente, sem no entanto reter este império.

As instituições políticas, as assembléias, as leis de estado, a democracia é o legado grego para o ocidente. Todas estas questões estão presentes nas duas obras.

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